sábado, 2 de março de 2013

Eu, Dalì e Marina - O Sonho e a Dança



Hoje fui ver Dalì. Quem já chegou mais perto de mim sabe que gosto muito de suas obras e que e o quanto ele me provoca admiração. A gente já se encontrou em Nova Iorque, Londres, Madri, Barcelona e, numa das minhas pernadas pelo mundo peguei um trem e fui parar em Figueres - na Catalunha, seu lugar de nascimento, sua casa e Teatro-Museu Gala Salvador Dalì. Um dia desses irei parar em St Petesburg, na Flórida, para ver uma outra coleção imensa lá no Museu Dalì. A intenção é sempre chegar mais perto do pintor, desenhista, fotógrafo e escultor que eu humildemente chamo de "a mente brilhante da  arte em todos os tempos".

Sempre que a gente se encontra aumenta o meu fascínio e diante dele eu renovo, com toda a intensidade possível, a minha capacidade de encantamento. Suas obras, especialmente da fase "surrealista", me enchem olhos e a mente. E quando acaba a visita, o tour-museu, e a gente diz até breve um pro outro, eu saio pensando... pensando... horas... horas... impregnado de tanto talento, tanta imaginação, tanta beleza plástica.

Relógios distorcidos que parecem brincar com o tempo; imagens bizarras-tipo-pesadelo, como nos sonhos; corpos nus bi-tripartidos; unicórnios e notas musicais; insetos e gavetas; elefantes e asas; borboletas e notas musicais; cabeças de cobra e boca Mae West; caramujos e pêndulos e baratas e ossos e cobras e borboletas e caramujos e relógios... pendentes... em preto e branco... coloridos... tudo ideiamente extravagante!

Na minha visita de hoje, além das obras pra ver encontrei também alguns escritos. Talvez os escritos-segredos-escritos que ele tenha guardado nas tantas gavetas-sonhos-arquétipos que abundam nas suas elucubrações. Eles estavam postos nas paredes e o Museu diz serem de autoria de Salvador Dalì. Não fiz pesquisa, não atesto esta afirmação, mas destaquei três delas que me chamaram a atenção-identificação-aquele negócio tipo "tem a ver comigo". 

Ei-las:
"cada manha em que acordo eu vivo, de novo, o supremo prazer de ser Salvador Dalì";
"o artista não é alguém inspirado; é alguém que causa inspiração nos outros";
"não tema a perfeição; você nunca conseguirá".

Para justificar a escolha (havia muitas outras) é fato que nós, ele que tomava antidepressivos e eu que ando de valeriana, temos estas variações. Há dias em que o maior prazer é ser eu mesmo, assim como e do jeito que sou; há outros dias em que, se pudesse, mudaria tudo, porque deu tudo errado. E estas variações, no entanto, não variam apenas de um dia pro outro; podem variar, também, de um minuto pra outro. Para suportar esta gangorra, geralmente é preciso chorar. E é tanto que, no meu caso, chorar é quase ritual religioso, é de todo dia e por isso eu sempre misturo com chORAR. Por sorte, sorrir  também faz parte deste ritual, equação-equilíbrio da sanidade. A intensidade de ambos? depende da dose de valeriana, como falei. Como falei e como chorei e como orei e como sorri. É assim!

Se é artista quem causa inspiração nos outros, ei-lo totalmente artista. Quando o vejo me bate a vontade de sair a desenhar os meus desenhos malucos, agora denominados  nonsense*. Putz... como gostei! Ai, no final da tarde, ainda Dalìnizado e Dalìnizando, peguei o meu canson-espiralizado e desenhei o desenho abaixo (a primeira vez que exponho assim, de peito aberto e boca exposta e meio roxo de vergonha). Como ele disse que "perfeição eu não vou conseguir", aí vai a obra-de-arte-nonsense-que-eu-chamo-de-tudo-maluco!

...
Para terminar, deixem-me dizer que eu hoje acordei e, enquanto esperava as coisas também acordarem, lembrei de um sonho bom e de uma música cantada por Marina Lima (Eu não Sei Dançar). O que sonhar, acordar e dançar têm a ver com o texto a respeito de Salvador Dalì? Sei lá! Isso fica por sua conta. É que eu estou fazendo um doutorado em lógica transcendental (risos) e de repente fiquei assim, totalmente sem lógica. 
Encontrem o elo!
Ajudem-me!

Não tenho a letra aqui, vou recitar uns pedacinhos que eu sei de cor:
Às vezes eu quero chorar, mas o dia nasce e eu esqueço...
Às vezes eu quero demais, mas eu nunca sei se eu mereço...
...meus olhos se escondem onde explodem paixões...
...e tudo o que eu posso te dar é solidão com vista pro mar e muita coisa pra lembrar...
...se você quiser, eu posso tentar...
Mas eu não sei dançar tão devagar pra te acompanhar, pra te acompanhar.





"nonsense-maluco"



* classificação dada por Luísa Silvana, alguém de quem gosto muito. Ela não gosta do seu nome dito assim; prefere ser Luísa Sousa. Mas eu acho que Luísa Silvana tem mais personalidade, grita mais alto e mais forte e por isso, com desculpas, prefiro usar.

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